sábado, 29 de janeiro de 2011

O Segredo da Colombina


Foram três anos seguidos de carnavio.No último percebi que algo estava errado logo antes do embarque.Eu não havia providenciado a fantasia.Simplesmente não me animei.Pensei que talvez fosse só o cansaço da rotina.
No dia do evento saquei então da mala o meu vestido rosa bem curto e inventei que eu era a Geisy Arruda.Tanto riso, oh quanta alegria.E foi assim no meio da eufórica multidão que de repente me senti triste.
Não sei se foram alguns corpos suados e mal cheirosos ou aquela forma rudimentar de ser abordada pelo sexo oposto.Talvez as mulheres que coreografavam não só a dança como também o ajeitar dos cabelos...Só sei que naquele instante tudo me pareceu tão real e monótono!Eu não era mais a única desprovida de fantasia naquele salão.Os piratas,as melindrosas,os árabes,as joaninhas...apenas carcaças a balançar pela pista.
A criança grita e chora quando pressente a melancolia por trás da maquiagem do palhaço.Suas almas se encontram e o castelo desmorona.A ilusão se perde.É o fim da brincadeira.Melhor colocar para dormir.Como um parque de diversões abandonado.O carrossel, a roda gigante, a decoração colorida...tudo pode até continuar lá.Mas o silêncio da falta de vida domina o lugar.E a sensação no cenário se torna trágica,mal assombrada.
Esse ano o email da última chamada cabine com varanda terceiro passageiro grátis já foi excluído.Aprendi a lição.Não se pode comprar fantasias.