quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Confissões de uma mulher de trinta


Quantas vezes observando as pessoas me senti como uma criança no zoológico olhando para a jaula dos macacos.O que eu não entendo é porque eu desejei tanto ser um daqueles macacos.Talvez a jaula tenha me parecido acolhedora.Eu estava tão sozinha do lado de fora...
Num determinado momento da minha vida resolvi entrar na jaula e agir como uma macaca.Parecia fácil emitir ruídos e jogar bananas nos outros.Não foi tão simples.Todos notaram que eu era uma macaca bem estranha.E eu continuava sozinha.Minha única alternativa foi estar fora da jaula novamente.
Eu fico pensando... e se por acaso eu tivesse nascido boi? Será que eu me questionaria como tal? Será que eu seria um boi deslocado a vagar tomado por uma sensação estranha pelos pastos? A pensar, "acho que não era para ter nascido boi" ou "esses bois ruminam demais, defecam demais...e eu também porque eu sou boi, que estranho!"
Pois eu confesso o meu segredo mais inconfessável:eu me estranho como ser humano.
Uma sensação como daquele dia em que você não está muito feliz mas era para você se sentir feliz naquele dia porque é assim que os seres humanos se sentem num dia como aquele.
Muitas pessoas me perguntam porque eu faço teatro. Não entendo bem o motivo da pergunta uma vez que elas mesmas já respondem, "você quer entrar na Malhação". Mantenho só um sorriso amarelo. O teatro humaniza. Quem sabe se eu me deixar perder em outros universos eu possa um dia me achar no meu.
Hoje,aos trinta anos,não posso dizer que sou feliz.Nem infeliz.Não sou macaco.Sou humana.E isso me basta.

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