segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Somo todos Deus

Eu sempre gostei de ficar deitada a beira da piscina salvando insetos que se afogam.É como ser Deus para eles.É a minha chance de ser Deus.O bichinho insignificante está lá agonizando na água, prestes a sucumbir sem que ninguém perceba.É como se o Universo não desse a mínima para ele até que minha mão surge do céu e lhe devolve a vida.Fico pensando que o bichinho inocente nem imagina que eu existo.Um ser bem maior e mais complexo que o salvará.Uma vez na minha infância passei uma tarde inteira matando tatu bola no jardim.Promovi praticamente um genocídio de tatu bola.Esmaguei um a um e os juntei numa bacia.Depois fiquei olhando como eram muitos.Dezenas, talvez centenas de cadáveres de tatu bola.Passei um tempo tendo pesadelos com eles.Foi então que compreendi o meu poder.Entendi como eu podia ser má com o que é mais frágil que eu.E decidi salvá-los todos.Porque o que me encanta não é fazer o bem e sim poder fazer o mal e não faze-lo.Ser como os cavalos de Bukowski.Enormes, fortes e inofensivos.Ontem salvei um bicho esquisito e depois que eu o depositei com todo cuidado em segurança no deck ele me picou.Eu sorri.Ele não me irritou nem por um segundo.Quando se é o Todo Poderoso ataques de seres tão inferiores não afetam.Eu os perdoo pois eles não sabem o que fazem.Eu os salvo por mim e não por eles.É a minha fé que eu resgato.Fico salvando a mim mesma.Se eu posso intervir no destino e ser Deus para uma pequena abelha submergindo para a morte então talvez alguma coisa possa ser Deus para mim.Um ser maior e mais complexo para quem eu não passe de um ridículo bichinho inocente.Então talvez Deus exista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário