sábado, 1 de dezembro de 2012

Só uma prece

Ela me perguntou se não estava muito caro.Não muito.Talvez.Comprei assim mesmo.Abri o pacote em casa e logo senti aquele cheiro de tecido barato de fantasia.Cheiro de coxia de teatro.Tecido que não vai durar.Foi caro então.Mas as fantasias nos são sempre caras.As fantasias são as coisas mais verdadeiras que a gente tem.E eu esparramada em pose, vestindo minha camisola nova de bolinhas, fendas e laços pretos; sentindo-me estranhamente especial por me sentir estranhamente triste.Tristeza meio doce, meio paz.Não fosse o figurino e eu me sentiria apenas triste.
Tentei escrever no escuro mas precisei acender a luz.E agora que a luz está acesa já não consigo escrever nenhuma verdade.Estou tentando não explicar muito porque quando eu explico muito eu geralmente minto.Olha aí,tarde demais. Pronto. Já está tudo explicado.E então são cores opacas, conversas frígidas,cheiros insossos,amenidades amenas.Nada.Melhor nem continuar.Antes de apagar a luz eu rezo:realidade, por favor, para de me confundir.

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